O outro é uma pessoa
Neste estágio tenho aprendido muitas coisas que não se aprendem nos livros nem em aulas teórias que tanto nos são impostas pelos professores. Tenho aprendido a conhecer a vida e os sentimentos das pessoas que estão à minha frente, mais do que me preocupar com os problemas que as levaram a recorrer à Terapia da Fala, preocupo-me com elas. Com as pessoas. Pessoas que estão à minha frente, pessoas como eu que adoecem e que ficam boas, pessoas que comem, que dormem e que respiram como eu. Tenho aprendido a vê-las como pessoas e não como doentes, como muitas vezes nos ensinam nas aulas. Dizem para não nos ligarmos demasiado àqueles que nos procuram a nível profissional, para manter uma postura ética e cheia de uma frieza que nunca consegui compreender. Neste estágio vejo tudo o inverso, uma preocupação constante com o outro, uma humanidade enorme da minha orientadora e um carinho e tranquilidade que ela tenta transmitir a todos os que passam no seu caminho. Tenho crescido tanto com esta vivência que até é díficil de o explicar. Tenho aprendido a colocar-me no lugar do outro, no lugar daquele que me olha e que está cheio de receios, assim como eu os tenho. Tenho aprendido que tenho de tratar a pessoa como eu gostaria de ser tratada se estivesse naquela situação. Tenho aprendido que por mais riquezas que tenhamos, por mais doutoramentos e graus académicos que possamos ter, somos todos iguais. O nosso corpo vai-se abaixo como o corpo de um milionário, as dores que um rico pode ser sentir podem ser diferentes das dores de um pobre, mas sou dores. E os medos? São todos iguais, o medo da morte é igual em todos os olhos que possuem esse medo, o medo da solidão é transmitido por uma festinha na mão. Apesar de nos acharmos diferentes somos todos iguais, e é isso que tenho aprendido. Tenho aprendido a igualdade, a humanidade, a lidar com emoções controversas, com a realidade da morte e a compreender que somos todos meros mortais, que todos temos problemas, que todos sentimos a dor de forma diferente.
Este estágio mostra-me a humanidade que até agora tinha perdido ao longo do curso, mostra-me que quem não sente não é humano e que sentir preocupação, carinho e alegria por uma pessoa são sinais de que estamos vivos e de que somos boas pessoas. Porque nós somos pessoas, humanos, e o que está à nossa frente pessoas são.