Saudades de Escrever
(Imagem retirada da Internet)
Há uns dias lembrei-me das saudades que tenho de escrever à mão, algo que tanto prazer me dá. Tenho saudades de escrever com uma caneta em papel branco, não são saudades de tirar apontamentos das aulas nem de escrever coisas em post-its. Sinto saudades de escrever memórias, acontecimentos e sonhos para mais tarde um dia vir a recordar. Tenho saudade de sentir o papel de baixo da minha mão e de ficar a olhar para ele até as palavras começarem a fluir-me pelos dedos. Sinto saudades de sentir as palavras que me vêm à cabeça, não quero palavras científicas nem terapêuticas, quero palavras que transmitam os meus ideais, as minhas fantasias mais profundas, os sentimentos que me percorrem a pele neste momento. As palavras que tomam conta dos meus dias tornaram-se rotineiras, são palavras repetitivas, ditas sem pensar e sem ter a menor conotação sentimental. São palavras frias, rápidas que não provocam efeito emocional. Tenho saudades das verdadeiras palavras, daquelas que provocam nostalgia, que provocam um apertãozinho no coração ou um calor aconchegante. Tenho saudades de escrever sobre mim e de escrever as minhas histórias. Mas mais do que escrever palavras, sinto saudades de escrever palavras à mão. Só há dias apercebi o processo terapêutico que as palavras têm em mim, mas mesmo assim ainda não consegui quebrar a rotina e agarrar o papel e a caneta para puro e simples lazer.
Acho que até tenho saudades de ser quem em tempos fui.
