Passeio à Citânia de Sanfins
Ontem, percebendo que o vento nas praias do norte era gelado, eu e Ele decidimos ir à Citânia de Sanfins. Um local bem pertinho de nós e que já não visitava há vários anos. Lembro-me de quando lá fui pela primeira vez de que tinha gostado imenso. Tentava imaginar pessoas lá a viverem onze séculos antes de Cristo e devido à exposição das pedras e às placas que davam indicações era fácil de criar imagens na nossa mente. Ontem deparei-me com um cenário totalmente desconhecido.
A Citânia de Sanfins foi considerada património nacional já há muitos anos e ontem encontrei-a irreconhecível. As ervas daninhas eram mais altas que a maioria dos muros que permitiam dar uma ideia de aldeia e o mato era tanto que havia locais de difícil acesso. Os caminhos que outrora rodeavam as muralhas e que mostravam os arruamentos principais estavam ocupadíssimos por gafanhotos e silvas. E as placas? As poucas que ainda resistiram apenas tinham uma numeração e nada mais. Nem uma indicação do que representavam as estruturas e muito menos qualquer referência história, nem na entrada havia uma indicação do que era a Citânia. Ele que nunca lá tinha ido disse que pouco tinha tido a percepção do que aquilo era e eu que já tinha lá visitado apanhei uma das minhas maiores desilusões. E a minha pergunta é: como é que é possível um património nacional estar completamente ao abandono e degradado? Como é possível esquecermo-nos da história e deixar que ela seja escondida por ervas daninhas? E o pior, como deixamos perder o investimento que já lá tinha sido feito? A manutenção nem é muito exigente, nem me parece muito custosa comparada com carros de alta gama do nosso Estado.
Apesar da tristeza com que fiquei ao ver o estado em que a Citânia se encontrava valeu pela paisagem, pelo ar puro e pelo ventinho fresquinho numa tarde quente de verão.
P.S.: Imagens de Just Smile. A hiperligação direciona para o Museu Arqueológio da Citânia de Sanfins.