Fala-me de um dia Perfeito (17/20)
(Imagem retirada daqui)
Violet e Finch conhecem-se no parapeito de um edifício alto. Apesar de toda a vida se terem cruzado no liceu, conhecem-se num dos momentos mais íntimos que alguém pode ter, o momento de se querer deixar cair. Sem perceberem bem como salvam-se um ao outro de uma queda vertiginosa e sem retorno. Não passam a ser a vida um do outro, mas Violet sabe que Finch a salvou e guarda consigo esse segredo, já Violet dá a vontade de viver a Finch. Esta é a história de dois adolescentes com depressão, uma identificada, a outra nem tanto. Adolescentes que tiveram vidas conturbadas, adolescentes com problemas mentais que ainda permanecem um mito. E é esta negação do problema, é este desconhecimento de um problema real que os une, que os faz conviverem e no fim apaixonarem-se. Violet vive com a depressão devido à morte prematura da irmã e Finch sofre de um transtorno que ainda não foi identificado e é a incompreensão do mundo para com estes problemas que os faz permanecer juntos. Uma história de amor envolvida num mito, envolvida em dor e no desconhecimento.
Há muito que este livro de Jennifer Niven me tinha chamado à atenção, afinal quem não deseja um dia perfeito? Mais uma vez aventurei-me sem saber o que me esperava. Não estava à espera de um livro tão forte, de uma história tão presente e de um fim tão triste, mas perfeito. É um livro que nada tem de perfeito, com excepção do fim. É um livro que demonstra os defeitos de cada um, da família e da sociedade. Uma sociedade e uma família em negação para os problemas do fórum mental, como se fosse uma doença que ao ter nome se tornasse contagiosa. É nisto que este livro é tão bom, é ao entrar na pele de Finch e de Violet que a autora é capaz de descrever tão bem os seus sentimentos. É no modo frenético e inquietante com que Finch pensa e faz as coisas que me alerta para o óbvio, mas que aos olhos dos outros parece invisível. "Fala-me de um dia perfeito" é um alerta para os dias que correm. A depressão, as doenças mentais são reais, não é uma questão de idade, é uma questão de simplesmente existirem e à qual não podemos fechar os olhos. Este é um livro que me alertou, alarmou e me chamou à atenção para algo que por vezes ignoro. Este é sem dúvida um excelente livro para pais, amigos e adolescente, pois simplesmente nos deixa mais apurados para esta realidade que está cada vez mais presente.
Gostei bastante do livro. Apesar da vida que voltou à correria habitual li-o em poucos dias e adorei cada palavra. Palavras que me inquietaram, palavras que me deixaram a reflectir sobre a adolescência e o amor, mas principalmente sobre o mundo que agora vivemos. A autora teve a capacidade de criar um enredo tão real, tão presente que acabamos por o confundir com a história que alguém nos contou um dia. Sem dúvida um livro que aconselho a todos, nem que seja para sensibilizar mais um bocadinho para uma realidade tão 'sombria' e cada vez mais 'banal'.
"- Não, estou a falar a sério. É raro encontrarmos cavalheiros. São como virgens ou duendes. Se algum dia me casar, vai ser com um..."